quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tubarões são comprados de restaurantes e libertados no mar
06 de setembro de 2011 18h05 atualizado às 20h30

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Anualmente, nos últimos dez anos, 22 mil toneladas de tubarões, em média, são pescados ao longo da Tailândia. Contudo, nos últimos dias, graças a Dive Tribe, uma organização de proteção, 60 filhotes recuperam a liberdade, após terem sido comprados de restaurantes e mercados. Entre eles estavam alguns desses peixes jovens e inofensivos, destinados a enfeitar as tigelas de uma sopa muito apreciada no imenso mercado chinês de barbatana de tubarão.

No começo, era apenas uma tradição da elite chinesa. "Mas, hoje, é a classe média" que consome, disse Jean-Christophe Thomas, um professor de mergulho, convencido da necessidade de uma ação mundial combinada.

Organizações afirmam, com efeito, que 90% dos indivíduos de algumas espécies de tubarões já desapareceram. As vítimas da pesca no planeta seriam 72 milhões por ano.

Vários países, entre eles as Ilhas Maldívias e Honduras, construíram santuários, seguindo o exemplo do arquipélago de Palau, na Oceania, que inaugurou a iniciativa, em 2009. Na Ásia, Taiwan, um dos maiores países pescadores de tubarões, anunciou em julho um plano para regulamentar a atividade. E o estado malásio de Sabah, em Bornéu, prevê uma proibição pura e simples.

Em 1999, a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) aprovou um plano de ação combinado. Mas, segundo a organização Traffic, de luta contra o negócio de animais, as 20 maiores nações pescadoras do planeta não respeitam princípios. "A preocupação internacional em relação aos tubarões aumenta, ao mesmo tempo em que surgem provas de que numerosas espécies ameaçadas continuam a declinar", considerou a organização num relatório em janeiro.

Proteger o fundo marinho
Para a Dive Tribe, a falta de proteção pode ser atribuída também ao célebre filme de 1975, de Steven Spielberg, "Tubarão", que assimilou o animal a um insaciável comedor de homens. "Na realidade, os ataques contra o homem são raros", comentou Jean-Christophe Thomas.

Sábado passado, 60 animais jovens deixaram - em sacos plásticos cheios d'água - o aquário "Underwater World" de Pattaya, um balneário a 150 km a sudeste de Bangcoc. Foram libertados um por um.

"Eu carregava o saco e nem me dei conta quando ele partiu", brincou Wayne Phillips, professor de ecologia marinha da Universidade Mahidol de Bangcoc. "Ele conseguiu sozinho a liberdade. Nós só o orientamos. É bem melhor assim".

Excluindo todo o romantismo, os tubarões são predadores essenciais para o equilíbrio marinho. Seu desaparecimento progressivo modifica o conjunto do ecossistema.

"Protegendo os tubarões, defendemos tudo o que está abaixo, inclusive o fundo marinho", resumiu o cientista. "Devemos fazer entender como são importantes".

Caminhos
Quanto tempo resta, antes que seja muito tarde? "Alguns dizem cinco anos, outros, dez. Mas não se sabe exatamente quantos tubarões ainda vivem nos oceanos", admite Gwyn Mills, fundador da Dive Tribe. "O comércio de barbatanas (...) e de outros produtos envolvendo a espécie deve ser proibido agora. Perdemos muitos deles a cada ano".

Resta convencer os pescadores tailandeses que, como outros na Ásia, cortam as barbatanas dos que estão presos a suas redes, jogando-os depois na água, na agonia.

A chave do sucesso será, então, financeira, explicou Gwyn Mills, para quem um um tubarão é mais importante vivo para a indústria do turismo, do que morto, no prato de um restaurante. Ele pensa, então, num modelo econômico que permita indenizar os pescadores para que os libertem.

Enquanto isso não acontece, o importante é convencê-los. Segundo um balanço internacional estabelecido pela Universidade da Flórida, foram recenseados no ano passado 79 ataques de tubarões no mundo, entre eles seis mortais, o que representa um aumento de 25% nos acidentes em relação a 2009.


http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5333974-EI8145,00-Tubaroes+sao+comprados+de+restaurantes+e+libertados+no+mar.html

Comentário: Em pleno século XI os seres humanos ainda não se livraram do hábito de ingerir carne. Talvez para a grande maioria se trata de algo normal e "necessário", porém não pensam na crueldade com que são tratados tais animais. Sorte que muitos se conscientizam e trabalham em ONGs, ajudando a salvar vidas. Como diz Paul McCartney "Se os abatedouros tivessem paredes de vidro, seriamos todos vegetarianos".

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